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Cultura, Ciência e Educação à Luz da Tradição

Harune Arraxide, um aliado islâmico

  • Foto do escritor: Isabela Abes Casaca
    Isabela Abes Casaca
  • 16 de abr. de 2017
  • 2 min de leitura

Atualizado: 26 de dez. de 2024


Dentre as muitas histórias do rei Carlos Magno, uma das mais inusitadas é o relato de sua amizade diplomática com o califa Harune Arraxide (ou Harun al-Rashid ou Aarão, o Justo), o quinto governante do Califado de Abássida. O jovem islâmico assumiu o trono com apenas 23 anos e seu reinado durou do ano de 786 e até 809.


Ele fora instruído por Iáia ibne Calide, um barmecida, ou seja, descendente de Barmaque. Barmaque fora um lendário nobre persa praticante do Zoroastrismo, que posteriormente converteu-se ao islã. É importante frisar, não há registros históricos corroborando que Harun praticasse o zoroastrismo, os registros demonstram que ele era islâmico, contudo seu tutor tinha ascendência na antiga religião de Zoroastro (ou Zaratustra).

Uma particularidade de Arraxide, é sua consagração como personagem literário, no clássico As Mil e Uma Noites, que contém várias histórias e contos populares sobre a corte de Harune e sobre o próprio califa. Em partes, o livro inclusive pode ter sido escrito durante o califado de Arraxide.


Harune governava terras antes persas, logo os muçulmanos daquela região absorveram muitas coisas no que diz respeito a cultura e conhecimento por esse motivo o califa recebeu o vocativo de “Rei dos Persas”.


Bagdá sediava o califado, durante este período histórico a cidade floresceu, tornando-se uma das mais belas. Esta época permaneceu lembrada pela prosperidade científica, cultural e religiosa do Islã. Um dos exemplos disto é a fundação da lendária biblioteca Bayt al-Hikma (Casa da Sabedoria ou Casa do Saber), uma instituição chave no “movimento das traduções”, considerada o maior centro intelectual durante a Idade de Ouro do Islã. Seu principal intento era traduzir livros do persa para o árabe, além de preservar os existentes.


Carlos Magno e Harune Arraxide cultivavam boas relações. Alguns embaixadores do rei franco viajaram até o califado de Abássida, buscando autorização para que os cristãos peregrinassem até Jerusalém. Harune de bom grado atendeu ao pedido e ainda encaminhou uma comitiva até a Europa, com presentes: seda, candelabros de latão, perfumes etc. Os soberanos apresentavam certas afinidades: valorizavam a cultura/estudo e eram grandes guerreiros. Além destes pontos de aproximação, Carlos e Harune tinham um opositor em comum: a dinastia dos Omíadas, representada pelo emir Abderramão I, que chefiava o califado de Córdoba, na península ibérica.


Os antepassados de Arraxide repeliram os omíadas, pois o governo e gestão destes era considerado injusto por alguns muçulmanos, em decorrência de impostos exagerados e favorecimentos dos membros da própria dinastia. Abderramão foi o último que restou, fugindo para Córdoba. Na Espanha, atacava as fronteiras dos territórios francos e cultivava a velha rusga com a dinastia abássida. Então, tanto Carlos quanto Harune tinham bons motivos para se unirem contra Abderramão.


A amizade dos soberanos foi mediada por embaixadores hábeis e de confiança, infelizmente Carlos Magno e Harune Arraxide não se conheceram pessoalmente, apesar de suas semelhanças, mas muitas lendas e folclores nasceram desta surpreendente fraternidade.

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